Sempre acreditei no poder da palavra. Como diz meu amigo
Fred Caju: "o discurso não vence o canhão, mas convence quem aperta o
botão." Mas não apenas no seu poder retórico, utilizado na maioria das
vezes, e nos dias de hoje, como mera ferramenta de persuasão ideológica. A
própria palavra, bem utilizada, pode ser uma arma contra isso, capaz de desconstruir o espírito de rebanho vigente em nosso tempo.
Indo mais adiante, falo também da palavra como manifestação
artística: literatura. Só quem lê, sabe o poder que a arte da palavra tem.
Falando assim, parece até que só um pequeno número de pessoas têm noção deste
fato. Infelizmente, sim. A leitura, apreciação e degustação do texto literário
é capaz de tornar as pessoas mais sensíveis ao mundo em sua volta. A falta
dele, consequentemente, em muitos casos, impede a abertura destas pequenas
fendas no espírito do homo sapiens, algo definitivamente morto em boa parte da
população, como já disse o velho Bukowski nos ensaios do "Pedaços de um
caderno manchado de vinho" há quase meio século.
E que fique claro: o problema aqui não é o analfabetismo.
Exemplos de poetas analfabetos, ou que não chegaram a concluir o ensino básico,
temos de sobra. Homens, porém, com espírito e sensibilidade artística, o que
não está ligado a diplomas, e formações. É muito comum, nos dias de hoje, se
deparar com pessoas formadas (ou não), mas estritamente presas à ignorância e à
morbidez eterna. Tudo bem, concordo que o nosso sistema econômico é um condutor
massivo para estes estados. O que não nos impede, no entanto, de arrancar a voz
que vem das nossas tripas. De filtrar as ideias e informações que chegam até
nós, e deixar de ser um mero reprodutor de discursos alheios.
A palavra está aí, esperando por você. De quem é a sua voz?
David Henrique
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