terça-feira, 27 de maio de 2014

Contracapa



Por trás deste sol
que queima os olhos

há noites e auroras
com riscos de luz.

Por trás do mundo
há um espaço:

perene, fecundo,
feito de aço.

Por trás do poeta
há um abismo:

de vidas e metas
sem eufemismo.

(David Henrique)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Reflexo Complexo




Às vezes, é necessário atirar
As verdades contra o espelho.

Sentir o narciso se esmagar
Com o fardo das incoerências.

Ouvir gritos fiéis da consciência
Ensurdecendo aos sentimentos.

Sem esquecer os movimentos
Gerados por mera inconsequência.

David Henrique in Útero de retratos mundanos


A obra completa encontra-se disponível em: 
 

domingo, 18 de maio de 2014

Poema para Jane

225 dias sob a grama
e você sabe mais do que eu.

Há tempos tomaram seu sangue,
Você é um pau seco em uma cesta.

É assim que funciona?

Nesta sala
as horas de amor
ainda fazem sombras.

Quando você partiu
você levou quase
tudo.

Eu me ajoelho à noite
aos tigres
que não me deixam só.

O que você foi
não vai acontecer de novo.

Os tigres me encontraram
E eu não me importo mais.

(Charles Bukowski)

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Há sempre uma vela acesa no meio do apagão




A cada lágrima caída
um litro de sangue ferve,

a cada palavra cuspida
um espaço em branco se perde,

a cada poema composto
um pedaço da dor some,

a cada música composta
menos fastio e mais fome,

a cada hora refletida
menos duas horas perdidas,

a cada hora de lamento
mais duas horas sem tormento,

a cada rosa que é partida
um jardim inteiro é desvelado,

a cada pássaro matado
uma voz deixa de ser ouvida.

(David Henrique)

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Retranca ao que se perdeu



Retranca ao que se perdeu


Tínhamos um mundo nas mãos
que era imenso como um sol,
e mesmo denso, foi efêmero
feito a vida de um girassol.

Entre visões e fantasias
fui me perdendo a cada dia.

Palavras lançadas no ar:
versos como balas perdidas,
promessas ao fundo do mar.

Os pedaços de vidro sangram
como chagas que não estancam.

(David Henrique)