quinta-feira, 6 de março de 2014

Dias de paz, luz e repouso em um feriado chamado carnaval

         Talvez considerem uma atitude árcade usar a fuga da realidade na tentativa de não lembrar os fatos recentes que me afetam de várias formas. Mas é a arma que possuo no momento.  Minha cabeça não para nem enquanto durmo (principalmente enquanto durmo). Sonhos lúcidos, não lúcidos, paranoias, turbilhões de imagens, ideias e pensamentos. Não encontro significados claros ou explícitos. Tudo isso me faz passar muito tempo refletindo sobre o que consigo lembrar, até chegar a um ponto em que a reflexão não avança mais. Pausa. Distraio-me com coisas que aliviam o peso das memórias e neuroses. Conforto-me nos braços de quem penetra meu coração. Volto para este mundo em que se comemora o carnaval. Espalham-se pelas ruas pessoas alegres (ou não), bêbadas, loucas, e etc. De todas as formas e adjetivos possíveis. No momento, o que importa para elas são as pulsações dos ritmos que não deixam ninguém quieto. Carnaval, carnes, avais, carnavais exclusivos dentro de um mesmo carnaval. A música é o que me interessa, a putaria não. Temos várias opções na porta dos ouvidos, desde as mais prazerosas às mais esdrúxulas. Temos também a opção de conhecer o novo, isso me interessa bastante. Isso leva minha mente aonde ela quer chegar, mesmo que por um tempo. Deixo-me ir pelo embalo das ondas sonoras que atravessam o âmago causando êxtase e me lançam às nuvens. Após os deleites, o ciclo diário se refaz. Não fujo exatamente da realidade, permeio outras realidades para não me prender a uma. O mundo não para de girar, cada minuto passado é um pedaço de vida a menos. É preciso correr em busca de vivências para não perder os pedaços que nos restam. A melhor parte da vida se encontra em pedaços aproveitados. Aproveitem enquanto há tempo.

(David Henrique)



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